terça-feira, 27 de setembro de 2011

SÍNDROME DO CONTEMPORÂNEO

O homem é um ser inquieto, a todo tempo capta informações pelos seus sentidos e involuntariamente é afetado por sentimentos, que vão da transcendente alegria à insuportável angustia, e por ter um inestimável poder criador, sente a necessidade de sublimar suas tantas sensações em algo que não cabe nas convenções. Varrendo a sujeira da vida, celebrando o que lhe convém, respondendo questões fazendo novas perguntas, assim, o homem produz isso que toca profundamente a alma, e o faz sentir humanamente existente em meio a tantas coisas outras.

A arte carrega consigo a incompreensão, e a idéia de não possuir nenhuma utilidade prática. O egocentrismo egoísta do artista, no gozo de sua criação, produz algo muito pessoal, mas que é mimético a todos, pois todos os homens amam e odeiam, sentem a necessidade de se espantar com o grotesco ou se apaixonar pelo belo, vice versa. Mas será apenas essa a demanda da arte? O campo imaterial dos sentimentos e no caso da arte mais comercial, o mero entretenimento? Não. A arte é o principal agente da cultura e da educação, tomemos como exemplo, um povo amante da arte que cultiva hábitos reflexivos, nessa sociedade, acredito, a violência será menor, a compreensão inter-pessoal será grande e muito do que historicamente frustra o homem não existiria, mas, longe de um pensamento utópico, e de transformá-la em algo benévolo, a arte é dúbia e tem toda a força tanto para o bem quanto para o mal.

Na contemporaneidade a arte já não conhece limites, e por isso causa tanto estranhamento e a dúvida, “isso é mesmo arte?”, oposto ao classicismo das “pinturonas” e “esculturonas”, o que temos hoje é a conexão direta com o mundo através de qualquer meio imaginável, vídeo arte, objeto de arte, intervenção, performance...enfim, o que a arte propõe hoje é o questionamento e a indagação, um complicado fio onde importa muito a intenção artística, e muitos artistas pecam, perdem-se em seus conceitos e não se fazem compreender fora do campo das idéias, mas a atualidade é prato cheio para artistas bem intencionados (intenção,ela novamente), basta saber o seu tempo, ritmo certo, não devemos nos render totalmente a velocidade vazia contemporânea, de que adianta mil informações e nenhuma reflexão?

O câncer social pelo qual o CAPITALISMOLIBERAL vem consumindo a cultura (na condição de expressão individual), é negativamente sem precedentes na história da arte, a vanguarda não tem mais força de agir na contramão ou na marginalidade do sistema estabelecido, pois esse tem todo o poder de controle para engloba-la e modifica-la (vide o graffiti) e a arte que já não tem nenhuma aproximação da grande massa, restringe-se ainda mais a elite do público especializado, que diferencia-se dos TERCEIROMUNDISTAS apenas pelo o que consomem, pois dificilmente se foge a mazela que é a condição humana contemporânea: um sistema de frustrações onde se busca uma eterna REALIZAÇÃO ou um HAPPY END e esse meio, esse centro da vida, é inexistente, um ponto ilusório inalcançável.

Leonardo Lotowski

2011